Coluna da Segunda-feira: Entre a despedida, a política e a cultura

Por Luiz Sérgio Castro

A segunda-feira (8) foi marcada por notícias que misturam luto, política, segurança pública e cultura, mostrando a diversidade de temas que atravessam o Brasil e o mundo.

 Angela Ro Ro

Começamos com a música. O país se despede de Angela Ro Ro, cantora e compositora que marcou a MPB com sua voz rouca, seu piano e sua autenticidade sem filtros. Morta aos 75 anos no Rio, vítima de uma infecção pulmonar, a artista deixa um legado que vai de clássicos como Amor, meu grande amor e Simples carinho até sua postura irreverente, que fez dela uma figura singular na música brasileira. Sua recusa em gravar Malandragem — que depois se tornaria sucesso com Cássia Eller — é apenas um dos exemplos de sua coerência artística.


No campo da saúde, a Anvisa proibiu a venda de 32 suplementos de diferentes marcas, alegando riscos à segurança do consumidor. Entre eles, creatina, colágeno, ômega 3 e maca peruana. A medida reacende a discussão sobre o consumo desenfreado de produtos naturais e fitness sem respaldo científico adequado.


A política internacional também foi destaque. Em reunião virtual, os líderes do Brics, sob coordenação do presidente Lula, discutiram mecanismos para ampliar o comércio dentro do bloco e reagir ao chamado “tarifaço” dos Estados Unidos. Lula defendeu que o grupo, que reúne 40% do PIB mundial, tem condições de liderar uma nova governança global e de enfrentar práticas comerciais unilaterais. O discurso incluiu ainda críticas à presença militar norte-americana no Caribe e a defesa de uma “industrialização verde”, em sintonia com a COP30, que será realizada em Belém.


Na cena política interna, o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu autorização ao STF para realizar um procedimento médico em Brasília no próximo domingo (14). Em prisão domiciliar desde agosto, ele depende da decisão do ministro Alexandre de Moraes para a realização da cirurgia. O pedido ocorre às vésperas do julgamento da ação penal que o acusa de participação em uma trama golpista.


Enquanto isso, a cultura foi celebrada com uma nova conquista: o Carnaval de Salvador foi reconhecido oficialmente como manifestação cultural nacional. A lei sancionada por Lula eterniza a festa como patrimônio brasileiro, destacando sua importância para a cultura afro-brasileira e para a economia da Bahia. Só em 2025, o evento movimentou quase R$ 2 bilhões e atraiu mais de 1 milhão de foliões.


Por fim, em São Paulo, a Operação Sharpe mirou o crime organizado no centro da cidade, com foco na Favela do Moinho. Sete pessoas foram presas, entre elas membros ligados ao PCC, além da apreensão de celulares e armas. A ação é um desdobramento de operações anteriores que visam enfraquecer a logística criminosa na região central.

Assim, a segunda-feira trouxe um retrato do país em sua complexidade: a despedida de uma artista que deu voz às dores e paixões de gerações; a tentativa de reorganizar a geopolítica mundial; a valorização da cultura popular; a vigilância sobre produtos que prometem saúde; a política em seus embates judiciais; e o enfrentamento ao crime organizado. O Brasil segue sendo palco de contrastes, onde a emoção, a tensão e a esperança se encontram a cada novo dia.

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